terça-feira, 20 de dezembro de 2011
Entre a dor e o aborrecimento
A inquietação ansiosa só alivia depois do feito.
Dito e feito; não me satisfaço.
Hão de ter outras palavras.
Hão de ter outras ações.
Que só se calarão depois que eu as disser.
Que só me deixarão em paz quando eu as fizer.
sexta-feira, 16 de dezembro de 2011
vida
segunda-feira, 5 de dezembro de 2011
Assinale a resposta correta
segunda-feira, 21 de novembro de 2011
segunda-feira, 17 de outubro de 2011
Just in case
quinta-feira, 11 de agosto de 2011
Ofilia
Uma planta carnívora.
terça-feira, 9 de agosto de 2011
come to my backyard
Há algo na vida plantas de mais metafísico do que nas do reino animal. Nos parece muito óbvio que nós seres com pelos, mucosas, tecidos, e muito sangue, que emitem sons e que de uma mistureba dessas se possa obter, duplicar, aumentar ou, enfim, reproduzir vida. As plantas nos confunde a cabeça porque têm um refinamento que reside exatamente em não ter refinamento algum. Nascer no chão, no meio da terra, expostas ao sol e à chuva. E imóvel lá ficam elas sob o calor do meio dia e debaixo do gelado orvalho da aurora. A vida vegetal tem um aroma de improbabilidade. Nada mais aleatório acontecer, mesmo sendo a realidade apresentada, jogar um grão de feijão em um algodão molhado e dali misteriosamente surgir uma planta. Quem iria pensar nisso antes. A agricultura foi inventada por acidente e libertou a humanidade de uma vida cigana. Não os culparia pela falta de tato e nem posso, porque também sou humano. Aliás, é por isso que os entendo. A vida vegetal tem esse quê místico e laborioso de planos desconhecidos e incompreendido que a humana não tem. E é esse contraste com a vida humana relacionada diretamente aos vulgares livros de biologia que impressiona. Porque quando se pensa na semente se abrindo e virando um arbusto, uma árvore, igualmente descritas nos mesmos livros vulgares de biologia, não nos deixamos levar pela teoria por completo. Temos a certeza que a vida das plantas envolve outros saberes para além da biologia, como na verdade todo tipo de vida também envolve. Mas de alguma forma isso fica mais explícito em seres que se revestem de clorofila.
quarta-feira, 15 de junho de 2011
O Pensamento Selvagem
domingo, 29 de maio de 2011
write about love
Gênios e almas gêmeas!
Ironicamente dormem os dois juntos.
Mas sempre em noites separadas.
quinta-feira, 26 de maio de 2011
No titte at all
- O que fazes aí?
- Nada.
- O que você tem?
- É que até agora você não parou de falar merda.
Disse ela bem fraca mas aos poucos recuperando forças para conseguir levantar.
terça-feira, 24 de maio de 2011
Gases nobres e plebeus
Alimento de vento
Um banquete de nada
O elixir do vazio
Sem gosto, sem cheiro, sem cor
De graça.
Amorfo, invisível e volúvel
Enche e esvazia, esvazia e enche
o ar entra e sai
e o corpo apodrece
Esvazia e enche, enche e esvazia
o ar sai e entra
e muito e pouco acontece
Inspira e expira
Inspira e expira
Inspira e expira
Em tempo!
Esse vai e vem um dia acaba
e tudo volta a ser nada.
quarta-feira, 18 de maio de 2011
Outsideorismo
Erva daninha dos mares de bálsamo
Mato que surge sem/e nas eiras e beiras e rachaduras
Grande mistério que se intromete sem prévio requerimento
É praga, é podre, é puta
Ser vivo inflado pela brutalidade ao redor
Porção biológica condenada à solidão
Células unidas n´um mar de inorgância
Cresce só e sem convicção afim de dominar a paisagem
É desprezível, é dispensável, é diferente
Negra rosa do campo, seu dia chegou
Adeus.
terça-feira, 26 de abril de 2011
Superpowerless
Uma outra parte adquire fluidez ou só se deixam aparecer no espetáculo, omitindo a produção e o making of. Se te deixares se aperceber desse fato estás então à beira da neurose, de modo que o acaso muito ajuda e nem sempre atrapalha. E se então se prender no mérito do controle mais do que do resultado então não vale tanto à pena assim.
Algumas forças de vontade nascem já destinadas à serem podadas.
domingo, 17 de abril de 2011
Do lado de dentro
Decente ou indecente só se coloca pra fora o que se sente.
Honestamente é difícil expressar o que não se entende.
A gente é gente porque até certo ponto conecta coisas e então compreende.
Me dei um perdido.
Optei por outros caminhos não escolhidos, me permiti passar por enlouquecido, embebecido, aturdido.
Perguntei ao sol, à chuva, às plantas, aos animais.
E baixinho me responderam em forma de subjetividade.
Assim tal como sei sem saber todo o complexo misterioso da expressão nobremente não preservada pela autocensura.
sexta-feira, 1 de abril de 2011
Para chatear os imbecis
Câmera
Criação
Preparar
Apontar
Arte
Não esqueçam de desligar seu desânimo e sua inércia
Essa sala tem portas anti-preguiça por todos os lados, no chão e no teto.
Fumem à vontade se assim desejarem.
Bom espetáculo.
segunda-feira, 14 de março de 2011
As cores do caos
Ele é um otimismo insconsciente para não se entrar em desespero.
Nem o amarelo e suas riquezas adjuntas à preocupação, ambição e insegurança.
O vermelho é tudo de importante e forte: O amor, O ódio, O sangue.
E a paz do branco é o singelo, a simplicidade, as sutilezas.
O azul não tranquiliza. Ele hipnotiza e quando se olha para o preto
logo se acorda para o luto, a sobriedade, o recato.
Em suma: Somente o branco poderia ser o branco.
Insípido, insosso, inodoro e de cor branca. Por isso o branco é a paz.
Que por sua vez tende à ausência, à passividade, ao tédio.
Nenhuma outra cor quer ou poderia ser o branco.
Porque e só e somente nas moscamortisses do universo que ele aparece.
(E ainda por cima encarde mais.)
sábado, 5 de março de 2011
Diarréia
Cabeça ficar boa
Fazendo força pra
Alma ficar leve
Fazendo força pra
Energia ficar limpa
Fazendo força pro
Corpo ficar são
Fazendo força...
Fazendo força...
Fazendo força....
e
Cagando!
sábado, 12 de fevereiro de 2011
Asphyxiated
E se amanhece a boa noite e o essencial escapa?
E se as danças inventadas forem ensaiadas?
E essas edições esgotadas?
E esses filmes fora de moda?
E se essa música só for em pensamento?
Espaguete de colher?
Sede em alto mar?
Coito interrompido?
E se a alegria for melancolia
por não ser plena e completa?
E se parar com esses suspiros
Vai parar também com os respiros?
domingo, 6 de fevereiro de 2011
Trago o ônibus amado em 3 dias
Amigo, o que fazer quando a espera pelo ônibus se encontra numa morosidade absurda? Digo realmente absurda! A ponto dos senhores trabalhadores depois de um dia de labuta, da mais alta nobreza do início da fila, se concentrarem em um ponto fixo, numa eterna espera, atingindo a plenitude, o transe, a comunhão com deus, o nirvana e quiçá a desencarnação em corpo e retorno do espírito e o ônibus nada de aparecer? Complicado, não é mesmo?
Aqui vai uma simpatia infalível para trazer o ônibus amado em 3 minutos:
Primeira tentativa: Acenda um cigarro e aguarde o mesmo queimar até a metade. Geralmente ele chega logo após a primeira tragada. Se for o último cigarro do maço o coletivo tende a aparecer na mesma hora!
Segunda tentativa: As coisas em uma metrópole não são fáceis. Você há de convir que são muitos os chamados divinos pela mais breve possível volta pra casa, não é verdade? Sem contar que o número de fumantes apesar da publicidade do ministério da saúde, só vem aumentando. Bom, nesse caso você pode apelar para uma compra de mercadoria barata com uma cédula muito superior ao preço do produto. De modo que, no embanamento do ambulante ao se ajoelhar e humilhar, pela troca de sua nota de 50 reais com seus colegas de ponto, como num toque de mágica faz aparecer nesse meio tempo no horizonte a Mercedes Benz que você tanto esperava. Essa etapa tem um plus de tensão e adrenalina.
Terceira tentativa: Essa é sua última chance! Porém não pense que se não funcionar você dormirá na sarjeta. Porque Deus é mais e ele está olhando todo o seu sacrifício nas primeiras tentativas! Tenha fé, pois a terceira tentativa consiste em investir uma falsa desistência da fila do tipo: “- Quer saber? Cansei! Vou de metrô mesmo!”, ou algo do gênero. Você não precisa ir embora de verdade, a menos que queira, é claro! Tudo faz parte do milenar ritual urbano, consolidado e sacramentado no renascimento comercial, cultural e urbano, lá nos idos séculos da idade média, nas feiras inter-feudais. No que você por o pé para fora da fila, uma buzina e um barulho de motor ecoará em seus ouvidos.
Uma vez cumprindo todos esses requisitos, eu acho muito pouco provável que o ônibus amado não apareça em 3 minutos. Entretanto, já dizia o profeta dos profetas Pedro Bial: “Há mais coisas entre o céu e a terra do que presume nossa vã filosofia, meus guerreiros da casa mais vigiada do Brasil!”. E a condução por alguma razão pode acabar por não vir. Nesse caso, avalie sua vida, seus pecados, sua conduta e reflita por que Deus não te agraciou com tal benção. Sendo assim, meu amigo, vá de metrô cheio mesmo e boa viagem!
Experimente você também!
Esperamos ter ajudado.
Obs.: Consta no manual das santidades empresárias de transportes públicos, que mesmo com muito empenho, tais chamados divinos não serão atendidos no que chama-se “Hora do Rush”. O que acarreta na inutilidade de todo esse ritual no horário referido. Casos omissos serão analisados pela comissão de cobradores, hoje em extinção, infelizmente, porém cumprindo essa tão nobre missão de julgar os apelos mais urgentes.
sábado, 29 de janeiro de 2011
Você já teve medo de enlouquecer?
Um dia escaldante. Uma tarde de luz. Tudo brilha e se opaca à luz do sol refletida em metais e corpos banhados a suor. O objeto está em uma estação de trem. Metade do dia correu, a outra metade precisa ser corrida em direção ao final da linha e dali tomar forma da outra metade. O trem chega e o objeto entra. Eis que a viagem começa. Essência de eucalipto viria a calhar naquela caixa quente de metal. O calor queimou o ar e só restava aos outros fumá-lo enquanto não se chega. Outras opções são oferecidas e usadas com frequência. Por exemplo: Do lado de onde o objeto se senta, um senhor pôs-se a cantar hinos ecumênicos. À sua frente umas senhoras fazem tricô resistindo à vontade de secar o suor com o novelo de linha. Água, Coca-Cola, cerveja e picolés devem servir como paliativo no inferno, porque ali funcionavam bem e todos pareciam tranquilos. A vida deve ser vivida, apesar de tudo. A pressão de completar o outro hemisfério do dia bem, já que tudo tinha dado errado até então. 40 horas sem dormir. Excesso de cafeína. Má alimentação. E algumas preocupações em quem se habituou a não se preocupar com nada. Instalou-se o caos. Não dentro do forno-vagão ou vagão-forno, esse segue resignado apesar de tudo depondo contra ele. Instalou-se o caos foi dentro do objeto.
Alguma vez já experimentara o sentimento de estar vivendo um filme ou vivendo sua vida de fora dela? Chamam isso formalmente de despersonalização. O fato é que o restante do dia não pressionava sobre o corpo abatido do objeto, mas podia. E a possibilidade grande é verdade absoluta em horas de paranoia. Paranoia muda tudo, faz as mãos suarem frias, faz o coração bater rápido, faz o objeto desconfiar de tudo e de todos e até inofensiva mosca pode ser um perigo em potencial. O peso do mundo nas costas e uma ansiedade inexplicável. Os rostos das pessoas continuam tranquilos, não há motivo para pânico. Relaxa. O senhor continua a cantar seus hinos ecumênicos, isso alivia e irrita o objeto. “Canta porque sente demônios em mim e quer se proteger e me ajudar, não ando com boas energias. Mas o que é que estou falando? Não sou desses dessas coisas”. E o mal estar agora é paranoia própria do episódio ou cansaço físico? “Posso desmaiar aqui, posso morrer.” Bem, de uma forma ou de outra esse dia chegaria e a dor da alma fica tão aguda uma hora dessas que assim melhor seria. Esse é um pensamento que ajuda o objeto a se acalmar. Mas o subconsciente tem seus truques de manter seu quadro de pânico. “E se eu perder o controle? E se eu fizer coisas só para me contrariar? E se eu não conseguir mais fingir uma sanidade que talvez nem exista?”. Isso é bem pior que a morte do objeto, já que viveria preso em alguma clínica psiquiátrica ou preso em um quarto com medo da própria sombra. O objeto precisa se concentrar e seguir a viagem, o objeto pensa em voltar para casa, o objeto acha que vai passar, o objeto não acha que vai passar e quer conversar com alguém, quer desabafar e depois desabar. O objeto quer que não reparem nos seus tiques que não possui, mas que na hora, parecem todos perceber e olhar e pensar “Louco.” O trem parou. Não tem para onde correr. Começa a contar. Se contorcer de ansiedade. Medo dos próprios pensamentos, medo de ser mais um perdido para o mundo psicótico. O trem volta a andar. “Desço na próxima estação e volto pra casa ou aguento mais um pouco que isso passa?”. Chegou. Hesita e a porta abre. Faz que vai, mas não levanta. A porta fecha. Era pra ter ido. Vai ficar tudo bem. A porta abre de novo e ele corre dali. Vai pra rua, cai a chuva de verão do céu e uma explosão de choro dos olhos dele. Pelo menos veio a calma, a paz e o alívio de uma dor inexplicável.
O objeto vai para casa sem saber o que aconteceu, mas com medo de que aconteça de novo.
sexta-feira, 14 de janeiro de 2011
quinta-feira, 6 de janeiro de 2011
bonjour
Amor a ser feito
Um dois a ser dado
Boa comida na mesa
Frente fria a caminho
Vinho a ser brindado
Cat Power a ser tocada
Boca em forma de risada
Bom dias desejando dias bons
domingo, 2 de janeiro de 2011
Desembucetei
Um falso bater de pé travestido em verdade absoluta
Era psicológico, que como tal, reverberava em sensações físicas
Me mimei nesse capricho
Me insisti nessa teimosia
E eu mesmo me desconvenci
O ócio das vontades
A inércia dos prazeres
A opressão do vazio
Pura falta do que fazer, pura falta do que pensar, pura falta do que querer
(e o desejo)
Inventei o fazer, o pensar e o querer
(e o desejo?)
Não era mentira, mas também não era verdade,
Era como dizia, um embucetamento.