sábado, 12 de fevereiro de 2011

Asphyxiated

E se as coisas bonitas não são ditas ou escritas, mas nunca esquecidas?
E se amanhece a boa noite e o essencial escapa?
E se as danças inventadas forem ensaiadas?
E essas edições esgotadas?
E esses filmes fora de moda?
E se essa música só for em pensamento?
Espaguete de colher?
Sede em alto mar?
Coito interrompido?
E se a alegria for melancolia
por não ser plena e completa?

E se parar com esses suspiros
Vai parar também com os respiros?

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Trago o ônibus amado em 3 dias

Amigo, o que fazer quando a espera pelo ônibus se encontra numa morosidade absurda? Digo realmente absurda! A ponto dos senhores trabalhadores depois de um dia de labuta, da mais alta nobreza do início da fila, se concentrarem em um ponto fixo, numa eterna espera, atingindo a plenitude, o transe, a comunhão com deus, o nirvana e quiçá a desencarnação em corpo e retorno do espírito e o ônibus nada de aparecer? Complicado, não é mesmo?
Aqui vai uma simpatia infalível para trazer o ônibus amado em 3 minutos:

Primeira tentativa: Acenda um cigarro e aguarde o mesmo queimar até a metade. Geralmente ele chega logo após a primeira tragada. Se for o último cigarro do maço o coletivo tende a aparecer na mesma hora!

Segunda tentativa: As coisas em uma metrópole não são fáceis. Você há de convir que são muitos os chamados divinos pela mais breve possível volta pra casa, não é verdade? Sem contar que o número de fumantes apesar da publicidade do ministério da saúde, só vem aumentando. Bom, nesse caso você pode apelar para uma compra de mercadoria barata com uma cédula muito superior ao preço do produto. De modo que, no embanamento do ambulante ao se ajoelhar e humilhar, pela troca de sua nota de 50 reais com seus colegas de ponto, como num toque de mágica faz aparecer nesse meio tempo no horizonte a Mercedes Benz que você tanto esperava. Essa etapa tem um plus de tensão e adrenalina.

Terceira tentativa: Essa é sua última chance! Porém não pense que se não funcionar você dormirá na sarjeta. Porque Deus é mais e ele está olhando todo o seu sacrifício nas primeiras tentativas! Tenha fé, pois a terceira tentativa consiste em investir uma falsa desistência da fila do tipo: “- Quer saber? Cansei! Vou de metrô mesmo!”, ou algo do gênero. Você não precisa ir embora de verdade, a menos que queira, é claro! Tudo faz parte do milenar ritual urbano, consolidado e sacramentado no renascimento comercial, cultural e urbano, lá nos idos séculos da idade média, nas feiras inter-feudais. No que você por o pé para fora da fila, uma buzina e um barulho de motor ecoará em seus ouvidos.

Uma vez cumprindo todos esses requisitos, eu acho muito pouco provável que o ônibus amado não apareça em 3 minutos. Entretanto, já dizia o profeta dos profetas Pedro Bial: “Há mais coisas entre o céu e a terra do que presume nossa vã filosofia, meus guerreiros da casa mais vigiada do Brasil!”. E a condução por alguma razão pode acabar por não vir. Nesse caso, avalie sua vida, seus pecados, sua conduta e reflita por que Deus não te agraciou com tal benção. Sendo assim, meu amigo, vá de metrô cheio mesmo e boa viagem!

Experimente você também!
Esperamos ter ajudado.


Obs.:
Consta no manual das santidades empresárias de transportes públicos, que mesmo com muito empenho, tais chamados divinos não serão atendidos no que chama-se “Hora do Rush”. O que acarreta na inutilidade de todo esse ritual no horário referido. Casos omissos serão analisados pela comissão de cobradores, hoje em extinção, infelizmente, porém cumprindo essa tão nobre missão de julgar os apelos mais urgentes.