segunda-feira, 29 de novembro de 2010

If you´re feeling sinister...

É tanta coisa para sair daqui que me engarrafo, me confundo e por vezes me sufoco. Eu falo para as coisas seguirem devagar, quero colocar meus entendimentos em fila indiana e então contá-los, ponderá-los e os permitir ou não uma ação. Mas os departamentos se misturam, as imaturas querem sair primeiro, zoneiam o processo aqui de dentro. A quantidade opressiva também não me ajuda e o lixo, Ah! o lixo... com certeza isso é um atraso de vida. Quão fabulosa velocidade e vigor! Me olhando de fora me sentiria lisongeado, mal sabendo a bagunça acima do pescoço. Se aquietem, me ajudem, uma por uma e cada pobreza de espírito na sua devida lixeira, hão de ser recicladas! Do jeito que está sinto que não vou muito longe, achava que precisava de organização, mas não é só disso, não sei mais de nada, alguma coisa precisa ser feita enquanto o tempo já urge há tempos.

domingo, 14 de novembro de 2010

É...

O que eu tinha pra falar eu me esqueci, mas agradeço a atenção de todos vocês por terem vindo nessa audiência, eu anotei tudo do dia de hoje em algum lugar mas não me lembro, acho que em um caderno pequeno, verde, que eu não sei onde está. Faz assim: Quem achar o caderninho verde lê em voz alta, ou melhor, quem achar eu pago um almoço. Assim vocês se distraem, não perdem seu tempo à toa vindo aqui hoje, e depois fazemos uma versão pocket da reunião sobre o que vim propor que eu nem me lembro mais o que é. Tá, mas enfim cadê o caderno? Tomara que esteja no caderno! Não, não, esse nem é meu e é vermelho, vai gente! Valendo um almoço-o-o-o 3, 2, 1! Cabou! Infelizmente ninguém achou nada, vejo vocês mês que vem, vou tentando me lembrar enquanto isso...Ou mesmo antes, ih já pensou se eu lembro descendo com vocês no elevador? Vocês subiriam de novo então? Ou quem sabe o caderno pode estar na recepção, vai ver deixei por aí...Se bem que nem tenho certeza se anotei mesmo, quanto mais naquele caderno vermelho, verde sei lá qual que é a cor mesmo?

sábado, 6 de novembro de 2010

Torradas com geléia

Na chuva do quintal de casa, visto da sacada do prédio, entre pontos de ônibus entupidos de desejos realizáveis em minutos, daqui avisto as cabeças. As cabeças não param. Sobem, sobem sobem... Estão mais altas do que eu, embora demonstrem interesse no asfalto. É que o sonho saiu de moda. A viagem perdeu o seu valor. A materialização do desarranjo e/ou desespero virou perigo e o menor sinal de desapego pós reflexão à vida no momento é, ora repulsivo, ora cafona. Cada formiga dessa tem uma história. Pelo cocoruto, onde posso observar sem ser observado mesmo na certeza de nenhum olhar se encontrar aos meus aqui de cima, posso afirmar pelo cheiro que elas exalam, e que me chegam ao sexto andar, o aroma do conflito silencioso e envergonhado que elas tratam de disfarçar com qualquer perfume que encontrem à disposição. Daqui de cima posso andar nu, posso falar e fazer baixarias, posso me jogar encima deles, que O medo de ser um sonhador que ronda o térreo, me acobertará para logo mais ir à padaria comprar torradas e geléia como se nada tivesse acontecido e então tomar meu café da tarde na paz de Jah.

"Se você vier me perguntar por onde andei
No tempo em que você sonhava
De olhos abertos lhe direi
Amigo, eu me desesperava

Sei que assim falando pensas
Que esse desespero é moda em 73
Mas ando mesmo descontente
Desesperadamente eu grito em português"

(Belchior)