terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Entre a dor e o aborrecimento

Algo em mim só se cala depois de dito.
A inquietação ansiosa só alivia depois do feito.
Dito e feito; não me satisfaço.
Hão de ter outras palavras.
Hão de ter outras ações.
Que só se calarão depois que eu as disser.
Que só me deixarão em paz quando eu as fizer.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

vida

E pensar da vida como uma categoria outra
para além das percepções estáticas
reinventada na sua essência
reorganizada na sua estrutura
revigorada no seu ser
a vida além da morte
a morte na vida
e a vida na alma
até o fim, até o começo e durante o meio
explodir tudo e começar de novo
diferente, alternativa, e sobretudo renovada
a vida pela vida
a vida pelo prazer de estar vivo
a vida pelo prazer de nunca ser morte

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Assinale a resposta correta

Assinale a resposta correta:

(A) O Problema é o Tempo.
(B) A solução é o conhecimento.
(C) O Problema é o (des)conhecimento.
(D) A solução é o tempo.
(E) O problema não tem tempo.
(F) A solução não tem conhecimento.
(D) Tempo é o conhecimento.
(G) O problema não tem solução.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Just in case

Cá estou esperando a decisão do acaso dizer dele mesmo.
Caso ele seja causalidade ou caso seja caso contrário.
Me importa saber as relações curiosas das coisas dispostas.
Me interessa discriminhar as meras coincidências e as semelhanças impostas.
Se o acaso não continuar a fazer tanto caso, gostaria eu de saber mesmo que por acaso.
Caso o acaso seja mais que acaso ou caso seja acaso encerrado.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Ofilia

Ofélia é uma planta.
Uma planta carnívora.
Mas ao invés de insetos,
prefere cenouras ou batatas.
Entre uma mordida e outra
às vezes Ofélia se sente uma miserável por ser uma canibal.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

come to my backyard

Há algo na vida plantas de mais metafísico do que nas do reino animal. Nos parece muito óbvio que nós seres com pelos, mucosas, tecidos, e muito sangue, que emitem sons e que de uma mistureba dessas se possa obter, duplicar, aumentar ou, enfim, reproduzir vida. As plantas nos confunde a cabeça porque têm um refinamento que reside exatamente em não ter refinamento algum. Nascer no chão, no meio da terra, expostas ao sol e à chuva. E imóvel lá ficam elas sob o calor do meio dia e debaixo do gelado orvalho da aurora. A vida vegetal tem um aroma de improbabilidade. Nada mais aleatório acontecer, mesmo sendo a realidade apresentada, jogar um grão de feijão em um algodão molhado e dali misteriosamente surgir uma planta. Quem iria pensar nisso antes. A agricultura foi inventada por acidente e libertou a humanidade de uma vida cigana. Não os culparia pela falta de tato e nem posso, porque também sou humano. Aliás, é por isso que os entendo. A vida vegetal tem esse quê místico e laborioso de planos desconhecidos e incompreendido que a humana não tem. E é esse contraste com a vida humana relacionada diretamente aos vulgares livros de biologia que impressiona. Porque quando se pensa na semente se abrindo e virando um arbusto, uma árvore, igualmente descritas nos mesmos livros vulgares de biologia, não nos deixamos levar pela teoria por completo. Temos a certeza que a vida das plantas envolve outros saberes para além da biologia, como na verdade todo tipo de vida também envolve. Mas de alguma forma isso fica mais explícito em seres que se revestem de clorofila.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

O Pensamento Selvagem

Sou um selvagem nessa civilização burocrática.
Falo comigo e com eles em uma língua cuja eu não escolhi.
Um pré-letrado alfabetizado via adestramento.
Meu primitivismo me limita por fora
mas me expande por dentro nessa cultura da qual não pertenço.
Esses valores dessas sociedades quentes nada ou pouco me dizem.
Essas instituições não me refletem, não me representam, não me agregam.
Elaboro meus mitos escondido na coxia desse teatro vaudevilliano.
Desenvolvo minhas práticas tribais com os semelhantes que encontro pelos caminhos dessa existência consciente, opressora e marginalizada.
Sempre relativizando e nunca relativizado.

Parto do ponto em que surgi aqui:

De lá pra cá, por algum motivo, essa atmosfera da ordem, dos papéis, das igrejas, das famílias, da academia e de tudo que não é livre, não me infectou.
De lá pra cá tudo quanto é pacto, convenção e construção me foi forçado goela abaixo sem antes me consultarem.

Eu vejo tudo de fora e não sinto o que eles sentem.
Desse lado da margem, eu sinto coisas que eles não vêem e por conseguinte não entendem.

Essa tal civilidade
À Liberdade
Essa hipocrisia
À honestidade

Está quase tudo errado segundo meu pensamento selvagem.
E eu só tenho a Arte, alguns amigos e uma caneca de vinho pra viver, sentir, expressar, criar e muito amar nesse mundo que não é de verdade.

Sou um selvagem nessa civilização burocrática.



Para Lívia Britto

domingo, 29 de maio de 2011

write about love

Vidas coladas em retas paralelas.
Gênios e almas gêmeas!
Ironicamente dormem os dois juntos.
Mas sempre em noites separadas.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

No titte at all

Ela se encostou na parede tirando o chapéu, que o sol há tempos se pora, embora conservasse os óculos e dali reagia. Se contorcia na parede de frente para o outro, que estava sentado de costas pra ela. Nas frivolidades desse outro e filosofias de botequim proferidas arbitrariamente, algo nela se abria e a expunha de uma forma espiritual e que ela não entendia. Teve pânico e medo, deixou cair-se tendo sua queda amortecida pelo atrito da parede de chapiscos e a sua camisa de lã. Nesse instante quase desmaiou, quando para anunciar algum novo feito de alguma outra pessoa, esse outro a viu semi-acordada no chão deitada com o queixo encima do peito e as pernas abertas no chão. Esse outro perguntou:
- O que fazes aí?
- Nada.
- O que você tem?
- É que até agora você não parou de falar merda.
Disse ela bem fraca mas aos poucos recuperando forças para conseguir levantar.

terça-feira, 24 de maio de 2011

Gases nobres e plebeus

No que ele adentra e no que ele sai, dá-se a respiração.
Alimento de vento
Um banquete de nada
O elixir do vazio
Sem gosto, sem cheiro, sem cor
De graça.
Amorfo, invisível e volúvel

Enche e esvazia, esvazia e enche
o ar entra e sai
e o corpo apodrece

Esvazia e enche, enche e esvazia
o ar sai e entra
e muito e pouco acontece

Inspira e expira
Inspira e expira
Inspira e expira

Em tempo!
Esse vai e vem um dia acaba
e tudo volta a ser nada.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Outsideorismo

Rosa negra do campo
Erva daninha dos mares de bálsamo
Mato que surge sem/e nas eiras e beiras e rachaduras
Grande mistério que se intromete sem prévio requerimento

É praga, é podre, é puta

Ser vivo inflado pela brutalidade ao redor
Porção biológica condenada à solidão
Células unidas n´um mar de inorgância
Cresce só e sem convicção afim de dominar a paisagem

É desprezível, é dispensável, é diferente

Negra rosa do campo, seu dia chegou
Adeus.

terça-feira, 26 de abril de 2011

Superpowerless

Existe algo de misterioso em algumas forças de vontade que nascem já destinadas à serem podadas. Um aroma de frustração polvilhado com bom demais pra ser verdade.
Uma outra parte adquire fluidez ou só se deixam aparecer no espetáculo, omitindo a produção e o making of. Se te deixares se aperceber desse fato estás então à beira da neurose, de modo que o acaso muito ajuda e nem sempre atrapalha. E se então se prender no mérito do controle mais do que do resultado então não vale tanto à pena assim.
Se quer amar e não pode por não correspondência, quisera matar e a lei de "deus" ou a dos homens impediu. Quis ir embora mas e as raízes? Tentou morrer mas teve medo.
Algumas forças de vontade nascem já destinadas à serem podadas.

domingo, 17 de abril de 2011

Do lado de dentro

Decente ou indecente só se coloca pra fora o que se sente.

Honestamente é difícil expressar o que não se entende.

A gente é gente porque até certo ponto conecta coisas e então compreende.

Me dei um perdido.

Optei por outros caminhos não escolhidos, me permiti passar por enlouquecido, embebecido, aturdido.

Perguntei ao sol, à chuva, às plantas, aos animais.

E baixinho me responderam em forma de subjetividade.

Assim tal como sei sem saber todo o complexo misterioso da expressão nobremente não preservada pela autocensura.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Para chatear os imbecis

Luz
Câmera
Criação

Preparar
Apontar
Arte

Não esqueçam de desligar seu desânimo e sua inércia
Essa sala tem portas anti-preguiça por todos os lados, no chão e no teto.

Fumem à vontade se assim desejarem.

Bom espetáculo.

segunda-feira, 14 de março de 2011

As cores do caos

O verde nunca poderia ser como o branco, porque o verde é a esperança.
Ele é um otimismo insconsciente para não se entrar em desespero.

Nem o amarelo e suas riquezas adjuntas à preocupação, ambição e insegurança.

O vermelho é tudo de importante e forte: O amor, O ódio, O sangue.
E a paz do branco é o singelo, a simplicidade, as sutilezas.

O azul não tranquiliza. Ele hipnotiza e quando se olha para o preto
logo se acorda para o luto, a sobriedade, o recato.

Em suma: Somente o branco poderia ser o branco.
Insípido, insosso, inodoro e de cor branca. Por isso o branco é a paz.
Que por sua vez tende à ausência, à passividade, ao tédio.

Nenhuma outra cor quer ou poderia ser o branco.
Porque e só e somente nas moscamortisses do universo que ele aparece.
(E ainda por cima encarde mais.)

sábado, 5 de março de 2011

Diarréia

Fazendo força pra
Cabeça ficar boa
Fazendo força pra
Alma ficar leve
Fazendo força pra
Energia ficar limpa
Fazendo força pro
Corpo ficar são

Fazendo força...
Fazendo força...
Fazendo força....

e


Cagando!

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Asphyxiated

E se as coisas bonitas não são ditas ou escritas, mas nunca esquecidas?
E se amanhece a boa noite e o essencial escapa?
E se as danças inventadas forem ensaiadas?
E essas edições esgotadas?
E esses filmes fora de moda?
E se essa música só for em pensamento?
Espaguete de colher?
Sede em alto mar?
Coito interrompido?
E se a alegria for melancolia
por não ser plena e completa?

E se parar com esses suspiros
Vai parar também com os respiros?

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Trago o ônibus amado em 3 dias

Amigo, o que fazer quando a espera pelo ônibus se encontra numa morosidade absurda? Digo realmente absurda! A ponto dos senhores trabalhadores depois de um dia de labuta, da mais alta nobreza do início da fila, se concentrarem em um ponto fixo, numa eterna espera, atingindo a plenitude, o transe, a comunhão com deus, o nirvana e quiçá a desencarnação em corpo e retorno do espírito e o ônibus nada de aparecer? Complicado, não é mesmo?
Aqui vai uma simpatia infalível para trazer o ônibus amado em 3 minutos:

Primeira tentativa: Acenda um cigarro e aguarde o mesmo queimar até a metade. Geralmente ele chega logo após a primeira tragada. Se for o último cigarro do maço o coletivo tende a aparecer na mesma hora!

Segunda tentativa: As coisas em uma metrópole não são fáceis. Você há de convir que são muitos os chamados divinos pela mais breve possível volta pra casa, não é verdade? Sem contar que o número de fumantes apesar da publicidade do ministério da saúde, só vem aumentando. Bom, nesse caso você pode apelar para uma compra de mercadoria barata com uma cédula muito superior ao preço do produto. De modo que, no embanamento do ambulante ao se ajoelhar e humilhar, pela troca de sua nota de 50 reais com seus colegas de ponto, como num toque de mágica faz aparecer nesse meio tempo no horizonte a Mercedes Benz que você tanto esperava. Essa etapa tem um plus de tensão e adrenalina.

Terceira tentativa: Essa é sua última chance! Porém não pense que se não funcionar você dormirá na sarjeta. Porque Deus é mais e ele está olhando todo o seu sacrifício nas primeiras tentativas! Tenha fé, pois a terceira tentativa consiste em investir uma falsa desistência da fila do tipo: “- Quer saber? Cansei! Vou de metrô mesmo!”, ou algo do gênero. Você não precisa ir embora de verdade, a menos que queira, é claro! Tudo faz parte do milenar ritual urbano, consolidado e sacramentado no renascimento comercial, cultural e urbano, lá nos idos séculos da idade média, nas feiras inter-feudais. No que você por o pé para fora da fila, uma buzina e um barulho de motor ecoará em seus ouvidos.

Uma vez cumprindo todos esses requisitos, eu acho muito pouco provável que o ônibus amado não apareça em 3 minutos. Entretanto, já dizia o profeta dos profetas Pedro Bial: “Há mais coisas entre o céu e a terra do que presume nossa vã filosofia, meus guerreiros da casa mais vigiada do Brasil!”. E a condução por alguma razão pode acabar por não vir. Nesse caso, avalie sua vida, seus pecados, sua conduta e reflita por que Deus não te agraciou com tal benção. Sendo assim, meu amigo, vá de metrô cheio mesmo e boa viagem!

Experimente você também!
Esperamos ter ajudado.


Obs.:
Consta no manual das santidades empresárias de transportes públicos, que mesmo com muito empenho, tais chamados divinos não serão atendidos no que chama-se “Hora do Rush”. O que acarreta na inutilidade de todo esse ritual no horário referido. Casos omissos serão analisados pela comissão de cobradores, hoje em extinção, infelizmente, porém cumprindo essa tão nobre missão de julgar os apelos mais urgentes.

sábado, 29 de janeiro de 2011

Você já teve medo de enlouquecer?

Um dia escaldante. Uma tarde de luz. Tudo brilha e se opaca à luz do sol refletida em metais e corpos banhados a suor. O objeto está em uma estação de trem. Metade do dia correu, a outra metade precisa ser corrida em direção ao final da linha e dali tomar forma da outra metade. O trem chega e o objeto entra. Eis que a viagem começa. Essência de eucalipto viria a calhar naquela caixa quente de metal. O calor queimou o ar e só restava aos outros fumá-lo enquanto não se chega. Outras opções são oferecidas e usadas com frequência. Por exemplo: Do lado de onde o objeto se senta, um senhor pôs-se a cantar hinos ecumênicos. À sua frente umas senhoras fazem tricô resistindo à vontade de secar o suor com o novelo de linha. Água, Coca-Cola, cerveja e picolés devem servir como paliativo no inferno, porque ali funcionavam bem e todos pareciam tranquilos. A vida deve ser vivida, apesar de tudo. A pressão de completar o outro hemisfério do dia bem, já que tudo tinha dado errado até então. 40 horas sem dormir. Excesso de cafeína. Má alimentação. E algumas preocupações em quem se habituou a não se preocupar com nada. Instalou-se o caos. Não dentro do forno-vagão ou vagão-forno, esse segue resignado apesar de tudo depondo contra ele. Instalou-se o caos foi dentro do objeto.

Alguma vez já experimentara o sentimento de estar vivendo um filme ou vivendo sua vida de fora dela? Chamam isso formalmente de despersonalização. O fato é que o restante do dia não pressionava sobre o corpo abatido do objeto, mas podia. E a possibilidade grande é verdade absoluta em horas de paranoia. Paranoia muda tudo, faz as mãos suarem frias, faz o coração bater rápido, faz o objeto desconfiar de tudo e de todos e até inofensiva mosca pode ser um perigo em potencial. O peso do mundo nas costas e uma ansiedade inexplicável. Os rostos das pessoas continuam tranquilos, não há motivo para pânico. Relaxa. O senhor continua a cantar seus hinos ecumênicos, isso alivia e irrita o objeto. “Canta porque sente demônios em mim e quer se proteger e me ajudar, não ando com boas energias. Mas o que é que estou falando? Não sou desses dessas coisas”. E o mal estar agora é paranoia própria do episódio ou cansaço físico? “Posso desmaiar aqui, posso morrer.” Bem, de uma forma ou de outra esse dia chegaria e a dor da alma fica tão aguda uma hora dessas que assim melhor seria. Esse é um pensamento que ajuda o objeto a se acalmar. Mas o subconsciente tem seus truques de manter seu quadro de pânico. “E se eu perder o controle? E se eu fizer coisas só para me contrariar? E se eu não conseguir mais fingir uma sanidade que talvez nem exista?”. Isso é bem pior que a morte do objeto, já que viveria preso em alguma clínica psiquiátrica ou preso em um quarto com medo da própria sombra. O objeto precisa se concentrar e seguir a viagem, o objeto pensa em voltar para casa, o objeto acha que vai passar, o objeto não acha que vai passar e quer conversar com alguém, quer desabafar e depois desabar. O objeto quer que não reparem nos seus tiques que não possui, mas que na hora, parecem todos perceber e olhar e pensar “Louco.” O trem parou. Não tem para onde correr. Começa a contar. Se contorcer de ansiedade. Medo dos próprios pensamentos, medo de ser mais um perdido para o mundo psicótico. O trem volta a andar. “Desço na próxima estação e volto pra casa ou aguento mais um pouco que isso passa?”. Chegou. Hesita e a porta abre. Faz que vai, mas não levanta. A porta fecha. Era pra ter ido. Vai ficar tudo bem. A porta abre de novo e ele corre dali. Vai pra rua, cai a chuva de verão do céu e uma explosão de choro dos olhos dele. Pelo menos veio a calma, a paz e o alívio de uma dor inexplicável.

O objeto vai para casa sem saber o que aconteceu, mas com medo de que aconteça de novo.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

bonjour

Casa a ser limpa
Amor a ser feito
Um dois a ser dado
Boa comida na mesa
Frente fria a caminho
Vinho a ser brindado
Cat Power a ser tocada
Boca em forma de risada

Bom dias desejando dias bons

domingo, 2 de janeiro de 2011

Desembucetei

Foi só uma cisma, um embucetamento
Um falso bater de pé travestido em verdade absoluta
Era psicológico, que como tal, reverberava em sensações físicas
Me mimei nesse capricho
Me insisti nessa teimosia
E eu mesmo me desconvenci
O ócio das vontades
A inércia dos prazeres
A opressão do vazio
Pura falta do que fazer, pura falta do que pensar, pura falta do que querer
(e o desejo)
Inventei o fazer, o pensar e o querer
(e o desejo?)
Não era mentira, mas também não era verdade,
Era como dizia, um embucetamento.