terça-feira, 30 de março de 2010

Niterói, 14 de Maio de 2009

Uma tarde em um bar de Niterói há quase um ano, minha querida amiga Patrícia Machado escreveu isso no meu caderno sobre mim. Como quase perdi em um assalto, vou deixar aqui registrado e não precisar mais depender da boa vontade dos maus homens em suas motos e seus velhos revólveres gastos que talvez nem funcionem mais.

Niterói, 14 de Maio de 2009

Envolto nas paredes e seus azulejos. Pensei no futuro, no tempo, no escuro, no ganhar e perder de tudo.
Acreditei nas minhas ideiais
Nas bolhas do copo
No vestido solto
Nas cadeiras sem gente
Nas carnes sem dente
Pensei no vai e vem dos burros, nos fiscais da natureza e seus saltos.
Depois de vários copos de entorpecentes, pensei se sou eu ou uma janela de mim, se sou ou não, uma sucessão pobre se sins.
Envolto nas paredes dessa caixa de um bar, de um lar que me envolve, sou quem sou sem ser, e que quer, sem querer...
Me trago assim por esses caminhos estranhos, na contramão do meu destino que me espera, na solidão de um Eu que mais sonha no sonho na escuridão de quem espera.
Assim sou eu.

quarta-feira, 24 de março de 2010

Yo-ho-ho, e uma garrafa de rum

Se fosse o monstro do armário, me matava.
Levava tudo que para mim era importante.
E se enganaria.
Se tivesse vingança, menos mal.
A perturbação vem do laconismo e a indiferença.
E me perdoaria.
Se fosse escolher, seria um artista.
Te transformaria em personagem. Riria de você e de mim.
E quando acordasse estaria dentro de uma garrafa vazia de rum.
E os rins numa banheira me tiraria.

terça-feira, 23 de março de 2010

Suspiro Sutil

Apesar da moral católica, anti-eutanásia, tenho meu direito de hora em hora escolher morrer mais um pouquinho. De que outra forma teria eu, a oportunidade de me isolar com a legitimidade da sociedade, algumas vezes por dia, para reavaliar a vida, o montante que se formou desde a última pausa? É no entrar do alcatrão, absorção da nicotina e no expirar do gás carbônico que tudo fica claro pra mim. Justifico meus erros, conscientes ou inconscientes, nessa autoflagelação. Comemoro minhas vitórias com esse delicado prazer. Tímido que sou, me escondo do mundo dentro dessa fumaça branca. Arrumo o que fazer com as mãos, quando o dia é quente e não as dá pra enfiá-las em um confortável casaco. Ganho mais firmeza no gesticular. Tenho companhia na madrugada e no insistente tédio existencial. Tenho pequenas doses de subversão. Tenho pílulas ansiolíticas etéreas. Tenho motivos para sair de casa nos dias tristes ou mesmo de tempestade. Tenho quem encontrar todos os dias de manhã, mesmo quando acordo sozinho. Viro criança a cada 40 minutos para brincar com fogo sem mijar na cama. Apesar de tudo, meu amigo e eu iremos nos separar. Um dia. Mais especificamente na segunda-feira próxima, ou então no meu aniversário, ou quem sabe no ano novo, ou melhor, só vamos nos despedir quando eu conseguir aquele emprego. Ou quem sabe, não sei. Um dia vamos!

"Arte de Fumar
Desconfia dos que não fumam:
esses não têm vida interior, não tem sentimentos.
O cigarro é uma maneira sutil, e disfarçada de suspirar"
Mário Quintana

sexta-feira, 19 de março de 2010

Shirley Remédios precisa de ajuda!

Shirley expos num site de relacionamentos seus problemas. Ela tá precisando de ajuda e urgente. Repassem. Twittem, discutam no café da manhã com os amigos! O bicho tá pegando pro lado dela, mermão! Vamos ajudar!

"Tive alguns problemas com a polícia federal. Apurei umas notícias do dossiê gato preto e estou ameaçada de deportamento. Deram-me 2 semanas para sair do país. Para piorar meu infortúnio eu não tenho dinheiro suficiente para a viagem. O superior do departamento de serviços excepcionais sugeriu-me que eu me tornasse travesti e partisse para Itália. Ele inclusive me indicou um terceiro que se engajaria por mim desse processo e de todo o ciclo burocrático em volta. Entretanto, nasci mulher. De maneira que peço a doação de qualquer quantia para mudar para o sexo masculino com Roberto Rey, o dr Hollywood, depois virar travesti e só então partir para meu triste fim nos climas temperados da região de Toscana, na península itálica. Tudo isso em 2 semanas.
Conto com sua colaboração.

Shirley Remédios."

terça-feira, 16 de março de 2010

Schizophrenia is taking me home

Temos sempre pouco a dizer. Mas muita intenção de falar. Nossos pensamentos representados inevitavelmente em forma de palavras, blocos de conceitos, são ora concisos demais, ora prolixos demais. Ainda não inventaram um idioma que os represente como deveria. No papel ou no falar tudo se perde. O banal e o genial confundem-se na entonação, na escolha ou na recepção do que pensávamos transmitir. Não importa se boa ou má, nossas intenções parecem sempre vulgares, pueris, ordinárias e egocêntricas. Queríamos falar nossos pensamentos e não falar mais deles. Teorizar nossos sentimentos. Sistematizar o que nos agrada ou desagrada. Se nos falta coerência, isso certamente não é um problema nosso. Dentro de nós tudo faz mais ou menos algum sentido. Mesmo que por um milésimo de segundo.

segunda-feira, 15 de março de 2010

Stalking...

I find myself on the train. There are passengers in front of my sit, but the long trip makes me avoid looking them in the eye. To the others, who are travelling by my side, I can just imagine how they look like, or what they are doing. I have learned how to improve my peripheral vision, all these years stalking strange and totally ordinary people. At this moment for example, this guy in black on my right, or the blond girl with curly hair on my left, I could bet they were sleeping! How wrong I was! When they got, both, in theirs station I could perceive. The man wearing black clothes, actually was a blond woman with curly hair. And the blond girl that I thought, it was just a teenager with a fashion hat. Funny, ´cause if I didn’t have to go so far I would never find out this extremely important information. God bless me! Now I can really die in peace!

sexta-feira, 12 de março de 2010

Sexta-feira 12

Cycling in the very first morning
The cold hot Rio weather
The search for the so called Endorphin
RUN RUN RUN
The music of past insane nights
Shouting in your years
Reminding the taste of alcohol and the smoke
RUN RUN RUN
The kids waiting for their vans to go to school
The Backpacks on shoulders
And bored gazes on their faces
RUN RUN RUN
The sun, the vitamin D, the almost empty streets
The workers arriving in the uncountable buildings in construction
While old ladies working out to live a little bit more
RUN RUN RUN
The smell of coffee and fresh bread, the retired reading the news
The dogs taking a ride with their owners
The drunken men trying to get home since last night
RUN RUN RUN
The sun gets hotter, the sweat, the weariness
Time to go!
The shower, the breakfast, the sleep
Life’s just begun. For the others.
Never for you.

There's definitely, definitely, definitely no logic to human behaviour

- Sim e não - Disse ela. Respirou, suspirou, hesitou e arriscou um não.
Foi embora. Se arrependeu. Voltou atrás. E encontrou o vazio.
O vazio do arrependimento.
Entre Paris e Londres, escolheu Jaguariúna.
No que chegou na rodoviária, decidiu sentar e esperar.
Esperar o próximo ônibus de volta pra casa.

domingo, 7 de março de 2010

Fluoxetina

A gente se livra da Apatia, mas corre o risco da tristeza
Se livra do Pânico, mas ainda corre o risco de morrer
Se livra da Anorexia, mas corre o risco da obesidade
Se livra da Histeria, mas corre o risco de se tornar um viciado em Crack
Se livra do TOC, mas cultiva hábitos igualmente inúteis
Se livra da Fobia Social, mas não dos seus semelhantes

A gente não se livra do Nascimento e corre o risco do Suícidio
Ou pior: da Reencarnação!

sábado, 6 de março de 2010

U.F.O.

Look those kids there
Laying down on the beach
Why are they looking
for us?
Here in this spaceship
Whith Marte as neighboor
We can´t stay here
anymore


Hey, little demon
Do you see what I see?
Why did that light move
so slow?
Maybe it was a shooting star
or even a satelite
But I´m afraid it was
a U.F.O.

Please Mr. Alien
You can abduse me
But don´t make me pregnant
so soon

It was a pleasure
Dear human
But your son´s already born
on the moon

sexta-feira, 5 de março de 2010

Idade de Gêmeos...

Preciso de um tempo ainda não inventado
Superior às noções da física
Um tempo além das leis da relatividade
Preciso de um tempo metafísico
O tempo vago que me é emprestado está vazio
Por hora, não sei como recheá-lo
Preciso de tempo para fazer tudo em quanto há tempo
mesmo tendo e não tendo o tempo que eu quero
Ontem, hoje ou amanhã
Mas agora,
nesse momento,
Eu preciso desse tipo de tempo
Ou dar um tempo de mim.

I got dirty boots!

Por onde andaram esses sapatos?
Que chão pisara antes de te conhecer?
Em quem pisou? Poderosos, submissas, drogados, prostitutas, homens de família?
Por cima deles, inúmeras calças com barras puídas repousaram...
Eles não têm memória, esquecem de amarrar seus cordões.
Também não sabem se virar, em que buraco entrar e sair, de forma cruzada ou não.
Ignoram o que muitos queriam saber.
Na sua inocência, embaixo da cama depois de dias perambulando a esmo,
Não se deram conta dos ruídos, dos movimentos, dos gritos, espasmos e orgasmos.
Hoje, de solados gastos, eles vão pro lixo.
Sem me contar nada da sua vida.

quinta-feira, 4 de março de 2010

Página em branco

Há uma página em branco.
Está diante de mim.
As letras, palavras, frases e pontos estão todos lá.
Os parágrafos, travessões e reticências também.
Todos ocultos na brancura do papel ou dentro da caneta.
Num insight, dessa pálida imensidão,
lá surgem eles em tinta azul.
Há uma página em branco dentro de mim.