terça-feira, 22 de outubro de 2013

Vida de árvore

Quem já foi uma árvore
Soube o que é ter paciência.
Pediu emprestado o tempo pra si
E foi assim que vingou em resistência.
Ficou plantado no chão como um dois de paus.
Com os galhos pra cima, expandindo a consciência.
Transcendeu o ego e se uniu ao uno divino.
Virou também a fonte, a terra, o sol e o vento.
Sentiu no tronco o infinito pra sempre.
Quem já foi uma árvore
Foi atingido pelo único raio da chuva do dia cinzento sem fim
Entendeu e sentiu o milagre que faz as coisas se transformarem.
Teve uma vida plena e achou tudo maravilhoso em silêncio.

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Viajar

Eu quero ir embora
Pra onde ainda não sei
Aqui eu já não posso
Aqui que não me quer
Deixo tudo e meto o pé
Pra onde não sei bem
Aqui não há de ser
Aqui não me vejo
Já deixei todos avisados
Que num instante eu já parto
Daqui de onde eu falo
Daqui que em breve deixarei
Vou pra outro canto
Aqui não vou bem
Lá talvez eu me encontre de vez
Lá talvez  eu seja para o que aqui vim
E sendo assim valha a pena
Quem sabe até mesmo aqui
Mas agora é o momento
De viajar
Aqui já não dá.



“Um homem precisa viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros ou TV. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu. Para um dia plantar as suas próprias árvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar o calor. E o oposto. Sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob o próprio teto. Um homem precisa viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser. Que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver”
Amyr Klink

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Conviver a ser

As coisas acontecem quando não tem outra maneira. Elas acontecem nos seus encontros, nos pontos onde infinitas retas se cruzam no mesmo espaço e no mesmo tempo. Na sua órbita, a Terra gira e as coisas que são vivas nascem, crescem, andam, se reproduzem e morrem. Nesses intervalos, as coisas acontecem para quem e para além da pretensão de dar sentidos à elas. Para quem e para além daqueles que querem ver algo acontecer ou dar nome aos acontecimentos e às coisas. Cada coisa no seu lugar e no seu momento ou nada acontece. Nesses casos acontece o pensamento, a imaginação, o sonho que também são e é coisa, que se sucedem e não se tornam. Na sinfonia do universo e na dança do infinito, uma porção de coisas se cruzam por acaso em sincronismo e acontecem. E o que tem que ser já é e o que será será.