quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Ofilia

Ofélia é uma planta.
Uma planta carnívora.
Mas ao invés de insetos,
prefere cenouras ou batatas.
Entre uma mordida e outra
às vezes Ofélia se sente uma miserável por ser uma canibal.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

come to my backyard

Há algo na vida plantas de mais metafísico do que nas do reino animal. Nos parece muito óbvio que nós seres com pelos, mucosas, tecidos, e muito sangue, que emitem sons e que de uma mistureba dessas se possa obter, duplicar, aumentar ou, enfim, reproduzir vida. As plantas nos confunde a cabeça porque têm um refinamento que reside exatamente em não ter refinamento algum. Nascer no chão, no meio da terra, expostas ao sol e à chuva. E imóvel lá ficam elas sob o calor do meio dia e debaixo do gelado orvalho da aurora. A vida vegetal tem um aroma de improbabilidade. Nada mais aleatório acontecer, mesmo sendo a realidade apresentada, jogar um grão de feijão em um algodão molhado e dali misteriosamente surgir uma planta. Quem iria pensar nisso antes. A agricultura foi inventada por acidente e libertou a humanidade de uma vida cigana. Não os culparia pela falta de tato e nem posso, porque também sou humano. Aliás, é por isso que os entendo. A vida vegetal tem esse quê místico e laborioso de planos desconhecidos e incompreendido que a humana não tem. E é esse contraste com a vida humana relacionada diretamente aos vulgares livros de biologia que impressiona. Porque quando se pensa na semente se abrindo e virando um arbusto, uma árvore, igualmente descritas nos mesmos livros vulgares de biologia, não nos deixamos levar pela teoria por completo. Temos a certeza que a vida das plantas envolve outros saberes para além da biologia, como na verdade todo tipo de vida também envolve. Mas de alguma forma isso fica mais explícito em seres que se revestem de clorofila.