quarta-feira, 26 de maio de 2010

shuffle

- Você quebrou o ritmo!!!

- Não tem essa de quebrar ritmo. Era pra ser aleatório.

- Exatamente. Mas você padronizou.

- Mas na aleatoriedade estamos sujeitos a isso.

- Qual?

- Fazendo de forma aleatória é de certa maneira o ritmo.

- Não é bem assim.

- É sim. Se repetirmos isso eternamente se torna um padrão.

- Talvez você tenha razão. Mas como fugir dessa intenção?

- Acho que é só impedir que os outros percebam...

- Ah sim. Continua então!

Parasitismo

Que queria a pedra embaixo da árvore?

Queria que a árvore não fosse cortada.

Nada tinha de ligação uma com a outra.

Mas não tendo árvores, talvez não haveria mais pedra.

Um toco e uma pedra poderiam ainda servir de assento.

Esse era um pensamento positivo da pedra.

Mas quem se habilitaria a manter os dois ali no chão?

O propósito da árvore já tinha acabado.

O da pedra nunca existiu.

A árvore foi derrubada antes de qualquer especulação otimista da pedra.

E a pedra foi removida.

Uma vez cortada, a árvore virou mesa de centro.

Uma vez retirada, a pedra foi jogada no rio e nascem sobre e entre ela, lodo e algumas plantas aquáticas.

Havia na pedra uma saudade da árvore. Da sombra. Da brisa. Das folhas que caiam da árvore sobre ela no outono.

Mas havia na pedra também o medo.

O medo da morte das plantas aquáticas.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Vida de inseto

Fico pensando no campo aos arredores do formigueiro. Porque veja, não são todas as folhas aproveitáveis ou ao menos desejadas por esse povo trabalhador. Ignoro se por nem todas serem tão saborosas, ou talvez algumas possam ser até mesmo indigestas. Mas A folha, com "a" maiúsculo, certamente tem um sabor especial. Ou talvez não. Workaholic como as formigas são, é capaz de rejeitar a pétala que cai na sua varanda, só pelo prazer da labuta em atravessar todo o gramado e percorrer o percurso de volta com 10 vezes o seu peso nas costas. Nunca vou descobrir o gosto dessas folhas. Não por não ser formiga e, por conseguinte, não ter papilas gustativas de formiga. Mas por admiração a esse grande sacrifício, que é para esses insetos saborear o manjar dos deuses. Sendo assim, faço um dueto com a cigarra e a contemplação já me basta!

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Humour:Amour

Apenas um dia me dura o ódio
Os outros são só de amor
Capaz de nem todos os "uns" serem de ódio puro
Mas sim um ódio em estar amando
Ou talvez ódio por ciúme do objeto amado
Sou pesado para o amor me trazer leveza
Guardo algo que não existe
Guardo o contrário do rancor
Não entendo porque choro, grito, não como e nem durmo
Se em 24 horas serei amor de novo
Meu prato de vingança tem que ser servido quente
Do contrário perco o apetite
Não é memória fraca, é só coração mole
Não é sangue de barata, são só os outros amores
O ódio definitivamente não me completa
Só o amor.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Teenage Angst

Onde fica o botão da abstração em mim?
Uns dizem ficar na cabeça...Mas dentro?
Outros afirmam que não, é no peito que ele mora.
Não acho de jeito maneira!
Já bebi inúmeras doses, fumei incontáveis cigarros
Engoli milhares de comprimidos,
E dediquei uma juventude no mundo de Morfeu.
Analistas não me fazem nem cócegas, já bati com a cabeça na parede.
Para hoje chegar a conclusão de que não tenho um botão desses .
Nasci com defeito.

domingo, 2 de maio de 2010

TIPS

Entregue-se
Dê vazão aos seus instintos
Liberte-se
Saia do pré-destinado caminho
Revele-se
Já conheço a imagem deste negativo
Ame-se
Obedeça às suas vontades
Ilumine-se
À luz do que já está claro
Abra-se
A vida não é eterna
Analise-se
O que está por dentro é o que conta
Expresse-se
Há ainda mais beleza e bondade
Foda-se
Não se interesse pelo o que eles falam