quarta-feira, 26 de maio de 2010

Parasitismo

Que queria a pedra embaixo da árvore?

Queria que a árvore não fosse cortada.

Nada tinha de ligação uma com a outra.

Mas não tendo árvores, talvez não haveria mais pedra.

Um toco e uma pedra poderiam ainda servir de assento.

Esse era um pensamento positivo da pedra.

Mas quem se habilitaria a manter os dois ali no chão?

O propósito da árvore já tinha acabado.

O da pedra nunca existiu.

A árvore foi derrubada antes de qualquer especulação otimista da pedra.

E a pedra foi removida.

Uma vez cortada, a árvore virou mesa de centro.

Uma vez retirada, a pedra foi jogada no rio e nascem sobre e entre ela, lodo e algumas plantas aquáticas.

Havia na pedra uma saudade da árvore. Da sombra. Da brisa. Das folhas que caiam da árvore sobre ela no outono.

Mas havia na pedra também o medo.

O medo da morte das plantas aquáticas.

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