quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Ventamar

De cara franzida ou com a vista embaçada,
A tarde é de luz tão intensa
Que assopra as sombras juntamente com as ondas.
Mas que não queima, acalma e nem nada.
Por conta da ventania na praia.
Vento no mar
Areia e ar.
O Oceano é um mistério
E a terra firme o critério.
Todos os dias, um homem quase se afoga.
Sobrevivendo, abraça o chão e se põe a pensar.
Outro vem do interior lá de bem longe.
Há horas ou dias, para aqui enfim descansar.
Existiria mais propício habitat
Do que o precipício do limiar?
Talvez. Mas há uma ventania na praia
E horizontes em todo lugar

quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Temporal

A morte chegará sempre cedo.
Para os que dela nasceram sem medo.
Veja! Aqui está ela!
Nos paridos do seu finado ventre.
Embora não tenha ninguém doente.
Vai surgir numa tomada de consciência súbita.
Ainda que não haja ser algum em suas últimas.
Implodirá cristalina e bela.
Em formato de raio, bem nítida, sincera.
Seremos cegados então por um clarão.
E logo ensurdeceremos com um trovão.
Ela é a epifania da lágrima e da chuva.
Será sempre precoce, mas também de indescritível beleza.
Benção e maldição, alegria e tristeza.
A morte é parte da nossa natureza.