segunda-feira, 7 de abril de 2014

Engasgue

Me como, me bebo, me fumo.
Deslizo por mim.
Pela minha garganta.
E me engasgo, tusso.
Estou entalado.
Me jogo de costas contra a parede.
Me dou porradas atrás com um porrete.

A inspiração para poemas não escritos
Amores nunca vividos e já esquecidos
A solidão de suspeitar saber quem se é
Ver o mundo, pensar nas coisas, perder a fé

Impulsos de gritos de fúria e horror
Gestos asfixiados de gentileza e amor

Caroços de frutos podres que sufocam em filosofia vã
Alivio o sintoma com cachaça, cannabis e clonazepan
O sábio o é  porque se engole a seco.
Consigo, ele é invencível.
Já sentiu, soube e aceitou:
Não existe vômito possível.

para Estamira