sexta-feira, 24 de setembro de 2010

the best years of our lives

Temos medo de ceder. De acabar nos vendendo à uma vida que hoje falamos de boca cheia que repudiamos. De ver preciosos amigos nossos sendo capturados por uma vida comum, medíocre, ordinária. De nunca mais os reconhecer fantasiados de cidadãos de bem, com família, e um "bom emprego". Achando que se deram bem na vida ao finalmente pagar a última parcela do seu primeiro carro zero. Não quero olhar nos olhos deles, e somente neles, encontrar resquícios do nosso presente. Prefiro morrer antes da conformação e acomodação, mediantes longos dias de estudo para conseguir um emprego burocrático, preso em um departamento qualquer, bebendo café o dia inteiro, enquanto o mundo de verdade lá fora se tranca pra mim. Não nascemos para esse tipo de coisa, e o dia que perdermos a nossa capacidade de nos expressar como hoje, aí será o fim. O dia em que ficarmos carecas, pançudos, passando as férias na região dos lagos, com filhos, aí será o fim. Quando em um porre esporádico, numa celebração esporádica, houver choro nostálgico e covarde, aí será o fim. Prefiro antes definhar de tédio, ser consumido por um câncer, ser alvo de bala perdida, antes de me deixar levar de fato à decadência da impotência e do conformismo. No fundo do meu otimismo, mesmo cada dia mais enfraquecido, desejo que nossos ideais de vida de hoje se concretizem. Do contrário não haverá mais nada. Boa sorte, amigos.

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